Mesmo com quarentena, 2 milhões de veículos voltam a circular em São Paulo e prefeitura estuda retomar rodízio
Segundo a CET, dos sete milhões de veículos cadastrados na capital paulista, 86% deixaram de circular no dia 24 de março, primeiro dia da quarentena. Nesta quinta-feira (9), contudo, a redução passou para 59%.
A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) informou nesta quinta-feira (9) que cerca de dois milhões de veículos voltaram a circular na capital paulista nesta véspera de feriado de Páscoa, mesmo com a quarentena.
Segundo a CET, dos sete milhões de veículos cadastrados na capital paulista, 86% deixaram de circular no dia 24 de março, primeiro dia da quarentena. Nesta quinta-feira, contudo, a redução passou para 59%. Ou seja, são dois milhões de veículos a mais nas ruas, contrariando as determinações do estado de São Paulo para que as pessoas fiquem em casa.
O aumento surpreendeu a Secretaria Municipal de Transportes, que já estuda a volta do rodízio de veículos, que foi suspenso por tempo indeterminado nos primeiros dias da quarentena.
“A liberação do rodízio veio em função de tirar de o usuário do transporte coletivo e trazer de volta para o carro nesse período. Se for o caso, pensa-se em voltar o rodízio de alguma forma que não prejudique o transporte público”, afirma o secretário Edson Caram.
Segundo a SPtrans, 9 milhões de passageiros usam os ônibus da capital por dia, normalmente. São 12.800 ônibus. No começo da quarentena, houve redução de 77% de passageiros. 40% da frota foram reduzidos naquela época – o que representa 5.098 ônibus circulando.
Nesta quinta-feira, já são 53% dos ônibus circulando (6.794 ônibus). Isso representa 810 mil passageiros a mais, comparando com o primeiro dia de quarentena.
Perigo de furar o isolamento
O infectologista David Uip, coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus em SP, disse nesta terça-feira (7) que o estado de São Paulo terá dificuldades com o número de leitos de hospitais se a adesão ao isolamento social não aumentar.
Atualmente, a adesão ao isolamento social no estado de São Paulo é de 49%, o menor desde o início da quarentena. Segundo Uip, o ideal seria alcançar 70% para conter o avanço da contaminação. De acordo com o infectologista, os estudos epidemiológicos e estatísticos de quatro grupos diferentes chegaram a essa mesma conclusão.
“Se nós conseguirmos aumentar o distanciamento social, que estava em média de 54%, para 70%, o número de leitos no estado de São Paulo será suficiente para essa primeira onda epidêmica. Se nós não aderirmos a essa proposta do estado, nós teremos mais dificuldade com leitos.”
Outro estudo realizado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em parceria com a Universidade de Harvard e o Ministério da Saúde estima colapso no sistema de saúde de SP até 19 de abril se isolamento não for intensificado.
Alertas de trânsito
Mesmo com o alerta de perigo, os dados de trânsito de São Paulo mostram que a população não está obedecendo as orientações das autoridades sanitárias.
De acordo com números do aplicativo Waze, esta semana registrou a maior quantidade de alertas de congestionamento na cidade de São Paulo desde o início da quarentena, em 24 de março.
Nesta quarta-feira (8), chegou a 1.886 o número de alertas de tráfego carregado, contra 181 alertas no dia 22 de março, véspera da quarentena.
Os índices de lentidão mais recentes, no entanto, ainda estão longe daqueles apresentados na semana de distanciamento voluntário, anteriores à quarentena, e do início de março, quando o trânsito era “normal”. (Veja o gráfico abaixo)